O Fluminense: Pesquisa aponta confiança no profissional de farmácia

 

 

Pesquisa realizada pelo instituto alemão GfK Verein apontou que os farmacêuticos estão entre os cinco profissionais mais confiáveis em diversas regiões do mundo, inclusive no Brasil. O estudo levou em conta índices de 25 países, onde a profissão ficou em quinto lugar como a que gera mais confiança entre as pessoas, ficando atrás apenas dos bombeiros, professores, paramédicos e pilotos. Especialistas apontam a proximidade com a população no dia a dia como uma das prováveis razões para esse resultado, e destacam a seriedade e a responsabilidade que o exercício da profissão exige.

Aline Coppola Napp, de 55 anos, escolheu a profissão de farmacêutica aos 16, por influência de seu marido, que na época ainda era apenas namorado. O companheiro, 12 anos mais velho, já era farmacêutico, e em 1982 Aline já estava seguindo os mesmos passos, obtendo a graduação pela Universidade Federal Fluminense (UFF).

"O início da carreira costuma não ser muito bem remunerado, como na maioria das profissões. Mas quem continua investindo em qualificação pode melhorar essa remuneração. Cargos de gerência ultrapassam os R$ 3 mil de salário. Eu comecei minha carreira empreendendo e abrindo uma farmácia de manipulação, pois fiz especialização como farmacêutica magistral, que é específica para essa atividade. Fiquei à frente desse negócio por 29 anos, e atualmente coordeno ações sociais do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Rio de Janeiro (CRF-RJ)", explica a profissional.

Na opinião de Aline, os farmacêuticos têm a missão de serem educadores da saúde, responsáveis por assistir a população e advertir sobre a interação medicamentosa. E ela faz um alerta, lembrando que o Brasil possui uma cultura de automedicação, prática que, segundo a farmacêutica, é apontada como principal causa de intoxicação com óbito.

"Um medicamento pode ser isento de prescrição, mas nunca é isento de suas reações adversas. A automedicação é um problema muito grave em todas as camadas sociais de nossa cultura. Por isso, a necessidade de um profissional para advertir sobre a interação, ou seja, como usar um medicamento. Existem também pessoas que vão comprar remédios com receitas, mas não sabem ler. É preciso, por exemplo, orientar se deve-se ou não ingerir o medicamento junto com a alimentação, explicar horários, entre outras coisas importantes, para que o tratamento tenha êxito e não ofereça riscos", destaca.

Para o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro, Marcus Athila, a confiabilidade demonstrada na pesquisa está relacionada à proximidade que a população tem com o farmacêutico.

"O acesso ao farmacêutico é mais viável para a maioria da população do que o acesso ao médico. É um profissional que está sempre disponível para atender, assim, acaba sendo visto pelas pessoas como alguém que pode promover qualidade de vida a elas", afirma.

Prescrição – Há aproximadamente um ano, uma resolução do Conselho Federal de Farmácia autorizou os farmacêuticos a prescreverem medicações que não exijam indicação médica, como é o caso dos analgésicos. Uma prática que, segundo Marcus, exige muito preparo e seriedade.

"A graduação de um farmacêutico dura cinco anos e a especialização para que esse profissional possa prescrever medicações leva em média mais dois. Pode parecer pouco para prescrever medicações isentas de prescrição médica, mas acredito que foi principalmente essa prática que fez com que o farmacêutico se tornasse, em um ano, o mais respeitado e reconhecido profissional de saúde", ressalta.

As possibilidades de atuação no mercado são amplas para o farmacêutico. Como é o caso de Erika Bartolomeu, que atua simultaneamente em dois campos de trabalho: uma empresa privada e um órgão público.

"São duas realidades completamente diferentes, na empresa, que no caso é uma rede de drogarias, quem atende o cliente são as balconistas, e minha atuação fica restrita as orientações quando necessárias. Já no posto de saúde, faço um trabalho de atenção básica familiar, atendendo a população carente, e distribuindo medicamentos para outros 22 postos", detalha.

Erika defende que hospitais e farmácias reservem um espaço apropriado para que o farmacêutico possa oferecer uma orientação adequada ao paciente, pois, segundo ela, é grande o número de pessoas que buscam medicamentos sem receitas.

"Como toda profissão, é preciso gostar do que se faz, e se dedicar. Mas o mais importante é lembrar que o farmacêutico trabalha com vidas, e cuida diretamente da saúde das pessoas. Por isso, é preciso uma formação sólida e um senso de responsabilidade grande. Nossa missão é mostrar que a farmácia não é um comércio, mas sim um estabelecimento de saúde", finaliza.

Fonte: O Fluminense